Alain Prost critica duramente série da Netflix sobre Ayrton Senna

Ex-rival de Senna questiona veracidade e sensibilidade da produção.
A série, que estreou em meio às comemorações dos 30 anos da morte de Senna, gerou opiniões divergentes entre fãs e críticos. Prost, no entanto, foi categórico em sua avaliação negativa. Ele argumentou que a produção não deveria contar histórias que não são verdadeiras, especialmente quando se trata de uma figura tão importante quanto Senna. O piloto francês também criticou o aspecto comercial da série, afirmando que não é apropriado usar o nome de Senna para fins puramente lucrativos. Esta não é a primeira vez que Prost se manifesta contra produções sobre seu ex-rival; ele já havia criticado o documentário “Senna” de 2010, alegando que o filme era “falso” e não retratava adequadamente a amizade que os dois desenvolveram nos meses que antecederam a morte do brasileiro.
‘“Tenho certeza de que Ayrton não gostaria, principalmente porque mostra falta de sensibilidade. Não deveríamos contar coisas que não são verdade. Se algo tem que ser feito comercialmente, não é certo fazê-lo em nome de Senna. Eu não gosto e não aceito isso”, disse à rádio francesa RMC.
Em 2010 um documentário sobre o automobilista foi lançado e, na época, o francês foi ainda mais crítico. “Estou chateado com o filme que foi feito. Eles poderiam ter contado uma história fabulosa, porque houve o que aconteceu quando estávamos competindo e depois que me aposentei. O filme alega que sua última mensagem ‘Sinto sua falta, Alain’ era falsa. Bem, acho que o filme era falso”, concluiu…’
A relação entre Prost e Senna é considerada uma das maiores rivalidades da história da Fórmula 1. Os dois pilotos dominaram o esporte no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, protagonizando batalhas épicas nas pistas e fora delas. Juntos, conquistaram sete títulos mundiais entre 1985 e 1993. A rivalidade atingiu seu ápice quando foram companheiros de equipe na McLaren, de 1988 a 1989, período em que venceram 25 das 32 corridas disputadas. Apesar da intensidade da competição, que muitas vezes resultou em acusações mútuas de conduta desonrosa, ambos mantinham um respeito mútuo por suas habilidades de pilotagem. Prost ressalta que, nos últimos meses de vida de Senna, eles haviam se aproximado, com o brasileiro frequentemente ligando para pedir conselhos, algo que a série da Netflix aparentemente não aborda com a devida profundidade.
A crítica de Prost à série da Netflix levanta questões importantes sobre a representação de figuras históricas em produções de entretenimento. Enquanto a família de Senna esteve envolvida na produção, afirmando que a série mostraria aspectos pouco conhecidos da vida do piloto, a perspectiva de Prost sugere que pode haver discrepâncias entre a narrativa apresentada e a realidade dos fatos. Este debate ressalta a complexidade de retratar personalidades públicas, especialmente aquelas que já não estão presentes para contar sua própria história. À medida que a série continua a gerar discussões, é provável que mais vozes se levantem para compartilhar suas perspectivas sobre o legado de Ayrton Senna e a forma como ele está sendo preservado e apresentado às novas gerações de fãs do automobilismo.
Impacto das críticas na recepção da série
As declarações de Alain Prost certamente terão um impacto significativo na forma como a série da Netflix sobre Ayrton Senna será recebida pelo público, especialmente pelos fãs mais antigos da Fórmula 1 que vivenciaram a era dourada do esporte. A controvérsia gerada por suas críticas pode levar a um debate mais amplo sobre a responsabilidade das produções biográficas em relação à precisão histórica e ao respeito pela memória dos retratados. Enquanto alguns podem ver a série como uma oportunidade de apresentar Senna a uma nova geração de espectadores, outros, como Prost, argumentam que a verdade e a sensibilidade devem prevalecer sobre o apelo comercial. O desenrolar dessa discussão promete manter o nome de Ayrton Senna vivo no imaginário popular, reafirmando seu status de lenda do automobilismo, mesmo que através de controvérsias sobre como sua história deve ser contada.