CPI da Usaid ganha força com 98 assinaturas de deputados

Deputados buscam investigar suposta interferência nas eleições.
A iniciativa para a criação da CPI fundamenta-se principalmente nas declarações de Mike Benz, que afirmou em entrevista que a Usaid teria intensificado o financiamento a “grandes instituições brasileiras” a partir de 2018, com o alegado objetivo de enfraquecer o governo do então presidente Jair Bolsonaro. Benz chegou a declarar que “se a Usaid não existisse, Jair Bolsonaro ainda seria o presidente do Brasil e o Brasil ainda teria uma internet livre e aberta”. Essas afirmações provocaram uma onda de reações no cenário político brasileiro, especialmente entre os membros da oposição, que interpretaram as declarações como indícios de uma possível interferência externa no processo democrático do país. O deputado Gustavo Gayer, um dos articuladores da CPI, caracterizou as supostas ações da Usaid como “um ataque direto à soberania do nosso país”, argumentando que a agência teria utilizado “agentes e ONGs de fachada para censurar, manipular as eleições, impor leis e silenciar a oposição”.
A proposta de CPI visa investigar não apenas as alegações específicas de Mike Benz, mas também examinar de forma mais ampla o papel da Usaid no Brasil nos últimos anos. Os deputados favoráveis à investigação argumentam que é necessário esclarecer a natureza e o alcance dos financiamentos realizados pela agência, bem como suas possíveis implicações para a política interna brasileira. A lista de parlamentares que apoiam a criação da CPI inclui nomes proeminentes da oposição, como Carla Zambelli, Nikolas Ferreira e Ricardo Salles, entre outros. O movimento pela instauração da CPI ganha relevância em um contexto de crescentes debates sobre soberania nacional e influências externas em processos democráticos. Além disso, a iniciativa ocorre em um momento de tensões políticas no país, com a oposição buscando formas de questionar e fiscalizar as ações do governo atual.
A articulação para a CPI da Usaid representa um desafio significativo para o governo Lula, que poderá enfrentar uma investigação potencialmente desgastante em um momento crucial de seu mandato. Analistas políticos apontam que, independentemente do resultado final da CPI, o processo em si já sinaliza uma intensificação da polarização política no país. A oposição vê na comissão uma oportunidade de questionar não apenas as supostas ações da Usaid, mas também de lançar luz sobre o processo eleitoral de 2022 como um todo. Por outro lado, apoiadores do governo argumentam que a iniciativa é uma tentativa de deslegitimar o resultado das urnas. À medida que o número de assinaturas se aproxima do necessário para a instauração formal da CPI, cresce a expectativa sobre os possíveis desdobramentos desta investigação e seus impactos no cenário político brasileiro nos próximos meses.