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Presidente dos Correios culpa gestão anterior por déficit bilionário

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Sucateamento e tentativa de privatização são apontados como causas.

O presidente dos Correios, Fabiano Silva, atribuiu nesta sexta-feira (31) o déficit de R$ 3,2 bilhões registrado pela estatal em 2024 à tentativa de privatização da empresa durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Silva afirmou que a empresa foi sucateada visando sua venda, o que teria deixado um legado negativo para a atual gestão. “Os resultados ainda não são os finais, tem números que podem ser melhores, com um desempenho melhor. Era uma empresa que estava para ser privatizada e isso traz efeitos importantes para a empresa”, declarou o presidente dos Correios, enfatizando o impacto das políticas anteriores na situação financeira atual da estatal.

O contexto dessa declaração remonta ao período do governo Bolsonaro, quando houve uma forte movimentação para privatizar os Correios. Durante seu mandato, o ex-presidente reafirmou diversas vezes a intenção de vender a estatal, chegando a declarar em agosto de 2022 que a privatização estaria “na reta final”. Essa perspectiva de venda, segundo Silva, levou a um processo de desinvestimento e falta de modernização da empresa, criando um cenário desafiador para a recuperação financeira e operacional dos Correios. A reunião no Palácio do Planalto, que contou também com a presença da ministra da Gestão e Inovação de Serviços Públicos, teve como objetivo discutir estratégias para reverter o quadro deficitário da empresa.

O rombo financeiro dos Correios se insere em um contexto mais amplo de déficit das empresas estatais federais, que registraram um prejuízo total de R$ 6,7 bilhões em 2024, segundo dados do Banco Central. Esse cenário preocupa o governo federal, especialmente considerando a importância estratégica dos Correios para a infraestrutura logística do país. Fabiano Silva destacou que, além do sucateamento, outros fatores contribuíram para o déficit, como a chamada “taxa das blusinhas” – uma política de taxação de compras internacionais abaixo de US$ 50 implementada no governo Lula – que teria reduzido a receita da estatal em cerca de R$ 1 bilhão. Adicionalmente, decisões como a desistência de ações trabalhistas, que somam aproximadamente R$ 1 bilhão, também impactaram negativamente as finanças da empresa.

Olhando para o futuro, o presidente dos Correios afirmou que a empresa está trabalhando para reverter o quadro deficitário e apresentar resultados lucrativos em um curto espaço de tempo, atendendo à cobrança feita pelo presidente Lula durante a reunião. “Isso foi o que o presidente nos cobrou”, revelou Silva. No entanto, quando questionado sobre sua permanência no cargo, o executivo adotou uma postura cautelosa, afirmando que essa decisão cabe ao presidente da República. A situação dos Correios continua sendo um tema de grande relevância para o governo federal, que busca equilibrar a necessidade de saneamento financeiro da empresa com seu papel estratégico na infraestrutura nacional de logística e comunicações. A evolução desse cenário será crucial para determinar o futuro da estatal e sua capacidade de se adaptar aos desafios do mercado postal contemporâneo.