Dívida bruta do governo atinge 76,1% do PIB em 2024

Dívida bruta do governo atinge 76,1% do PIB em 2024, revela Banco Central.
Aumento da dívida pública e seus impactos na economia brasileira.
O Banco Central divulgou em Janeiro, que a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) encerrou o ano de 2024 em 76,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Este resultado representa um aumento significativo em relação ao final de 2023, quando o indicador estava em 73,8%. Em termos nominais, a dívida bruta passou de R$ 8,079 trilhões em dezembro de 2023 para R$ 8,984 trilhões no último mês de 2024. O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, já havia antecipado que o indicador ficaria abaixo das projeções de mercado, demonstrando uma leve melhora nas expectativas econômicas. Esse aumento na dívida pública reflete os desafios enfrentados pelo governo na gestão das contas públicas, especialmente em um cenário de recuperação econômica pós-pandemia e pressões inflacionárias.
A evolução da dívida bruta ao longo de 2024 foi influenciada por diversos fatores econômicos e fiscais. Entre os principais elementos que contribuíram para o aumento estão a incorporação de juros nominais, que adicionou 7,5 pontos percentuais, e o efeito da desvalorização cambial acumulada no ano, responsável por 1 ponto percentual. Além disso, o reconhecimento de dívidas acrescentou 0,3 ponto percentual ao indicador. Por outro lado, alguns fatores atenuaram o crescimento da dívida, como os resgates líquidos (-0,9 ponto), ajustes da dívida externa (-0,2 ponto) e o crescimento do PIB nominal (-5,4 pontos). É importante ressaltar que, apesar da alta anual, houve uma redução na comparação com novembro de 2024, quando a dívida bruta estava em 77,7% do PIB. Esta flutuação mensal foi influenciada pelos resgates líquidos da dívida e pelo crescimento do PIB nominal, que compensaram parcialmente os efeitos da desvalorização cambial e dos juros nominais apropriados.
O cenário da dívida pública brasileira deve ser analisado em conjunto com outros indicadores econômicos relevantes. A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), por exemplo, também apresentou elevação em 2024, atingindo 61,1% do PIB, o equivalente a R$ 7,221 trilhões. Este aumento de 0,7 ponto percentual em relação a 2023 foi impulsionado principalmente pelos juros nominais apropriados e pelo déficit primário. O setor público consolidado, que inclui União, estados, municípios e empresas estatais, registrou um déficit primário de R$ 47,6 bilhões em 2024, representando 0,4% do PIB. Embora este resultado ainda seja negativo, representa uma melhora significativa em comparação ao déficit de R$ 249,1 bilhões (2,28% do PIB) observado em 2023. Esta redução no déficit primário é um sinal positivo para a saúde fiscal do país, indicando esforços do governo na direção do equilíbrio das contas públicas.
A gestão da dívida pública permanece como um dos principais desafios econômicos do Brasil para os próximos anos. O nível atual da dívida bruta, embora tenha apresentado uma leve melhora em relação às expectativas iniciais, ainda é considerado elevado para uma economia emergente como a brasileira. Este cenário exige atenção contínua das autoridades econômicas e a implementação de políticas fiscais responsáveis para garantir a sustentabilidade da dívida no longo prazo. A manutenção de um ambiente econômico estável, com controle inflacionário e crescimento sustentável, será fundamental para que o país possa reduzir gradualmente sua relação dívida/PIB. Além disso, reformas estruturais que promovam a eficiência do gasto público e melhorem o ambiente de negócios podem contribuir para atrair investimentos e impulsionar o crescimento econômico, fatores essenciais para a gestão bem-sucedida da dívida pública brasileira nos próximos anos.