Rússia rebate ameaças de Trump sobre tarifas ao Brics

Kremlin rebate Trump e nega planos de moeda comum do Brics.
Rússia responde a ameaças de tarifas dos EUA.
O Kremlin rebateu nesta sexta-feira (31) as recentes ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas ao grupo de países do Brics caso eles criem uma moeda comum. O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmou categoricamente que não existem planos para a criação de uma moeda do Brics, classificando as declarações de Trump como infundadas. A polêmica teve início quando Trump, através de sua rede social Truth Social, advertiu os países membros do Brics para que não substituam o dólar norte-americano como moeda de reserva, ameaçando impor tarifas de 100% caso isso ocorra. Esta não é a primeira vez que o líder americano faz tais declarações, tendo expressado preocupações semelhantes logo após vencer as eleições presidenciais em novembro de 2024.
O grupo Brics, composto atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros países que se juntaram recentemente, tem sido alvo de especulações sobre possíveis movimentos para reduzir a dependência do dólar em transações internacionais. No entanto, Peskov esclareceu que as discussões no âmbito do Brics estão focadas na criação de plataformas de investimento conjunto, e não na implementação de uma moeda comum. “O Brics está falando sobre a criação de novas plataformas de investimento conjunto que permitiriam investimentos conjuntos em terceiros países, investimentos mútuos e assim por diante”, explicou o porta-voz russo. Esta declaração visa dissipar os rumores e aplacar as tensões geradas pelas afirmações do presidente americano.
A reação do Kremlin às ameaças de Trump reflete uma postura defensiva em relação às pressões econômicas dos Estados Unidos. Peskov sugeriu que “é bem provável que os especialistas dos EUA precisem explicar a agenda do Brics com mais detalhes ao sr. Trump”, indicando uma percepção de que o líder americano pode não estar completamente informado sobre as reais intenções e atividades do grupo. Esta não é a primeira vez que o Kremlin responde a ameaças semelhantes. Em dezembro, o governo russo já havia declarado que qualquer tentativa dos EUA de obrigar países a usar o dólar seria contraproducente. O episódio atual se insere em um contexto mais amplo de tensões geopolíticas e econômicas entre os Estados Unidos e os países do Brics, especialmente a Rússia e a China. As discussões sobre a realização de mais negócios em moedas nacionais dentro do grupo Brics ganharam impulso após as sanções impostas à Rússia pelo Ocidente devido ao conflito na Ucrânia, refletindo uma busca por alternativas ao sistema financeiro dominado pelo dólar.
A controvérsia em torno das declarações de Trump e a resposta do Kremlin destacam as complexidades das relações internacionais e econômicas no cenário global atual. Enquanto os Estados Unidos buscam manter a hegemonia do dólar como moeda de reserva mundial, países como a Rússia e outros membros do Brics exploram formas de diversificar suas opções econômicas e financeiras. A negação enfática do Kremlin sobre planos de uma moeda comum do Brics pode ser vista como uma tentativa de evitar uma escalada nas tensões com os EUA, ao mesmo tempo em que reafirma a autonomia do grupo em suas decisões econômicas. O futuro das relações entre os Estados Unidos e o Brics, bem como o papel do dólar na economia global, continuará sendo um tema de grande relevância e debate nos próximos anos, à medida que o equilíbrio de poder econômico global continua a evoluir.