Sindicato do IBGE convoca protesto contra medidas de Pochmann

Servidores criticam criação do IBGE+ e mudanças no regime de trabalho.
A crise interna no IBGE se intensificou nos últimos meses, com uma série de decisões da atual gestão que desagradaram os servidores. No final de agosto, o instituto publicou uma portaria determinando o fim do trabalho remoto integral e o retorno ao regime presencial por pelo menos dois dias por semana a partir de 15 de outubro. O sindicato criticou a medida, alegando que o prazo para implementação era muito curto e que a decisão descumpria promessas feitas pela presidência em reunião anterior. Outro ponto de atrito é a criação da Fundação IBGE+, uma entidade de direito privado anunciada em julho, mas comunicada aos funcionários apenas em setembro. Os servidores argumentam que a iniciativa foi divulgada de forma superficial, sem detalhes sobre o preenchimento de cargos e possíveis impactos na estrutura do instituto. Além disso, há questionamentos sobre o plano de transferir funcionários da diretoria de pesquisas de um prédio no Centro do Rio para outro no bairro do Horto, considerado de difícil acesso por transporte público.
O clima de insatisfação entre os servidores do IBGE tem se agravado, com acusações de que a atual gestão estaria adotando “medidas desestabilizadoras, centralizadoras e prejudiciais ao bom funcionamento do instituto”. Uma declaração pública que circula entre os trabalhadores, assinada por “Servidores do IBGE”, chega a pedir o fim do mandato de Pochmann, alegando que “a continuidade desse mandato está comprometendo gravemente o funcionamento da instituição, e o impacto negativo dessas decisões já é sentido diariamente pelos trabalhadores e pela qualidade do trabalho realizado”. O documento também critica as “viagens frequentes e excessivas” do presidente em um cenário de escassez financeira no órgão, enquanto o instituto enfrenta dificuldades para pagar aluguéis e está em débito com diversos fornecedores. Os servidores argumentam que a prioridade dada a essas viagens, em detrimento da manutenção das atividades básicas do IBGE, demonstra uma desconexão entre a gestão e as reais necessidades da instituição e do país.
A manifestação convocada pelo sindicato para a próxima semana marca um ponto de escalada na tensão entre os servidores e a direção do IBGE. O protesto busca não apenas expressar o descontentamento com as recentes mudanças, mas também pressionar por um diálogo mais aberto e transparente sobre o futuro da instituição. A criação do IBGE+, em particular, tem gerado preocupações sobre possíveis impactos na autonomia e na qualidade dos trabalhos realizados pelo instituto, fundamental para a produção de estatísticas oficiais e para o planejamento de políticas públicas no Brasil. O desfecho desse embate pode ter consequências significativas para o funcionamento do IBGE e, por extensão, para a disponibilidade e confiabilidade dos dados estatísticos nacionais. À medida que a data do protesto se aproxima, cresce a expectativa por uma possível resposta da presidência do instituto às demandas dos servidores e por um eventual processo de negociação que possa aliviar as tensões e garantir a continuidade dos importantes trabalhos realizados pelo IBGE.
Impactos da crise interna no IBGE preocupam especialistas
A crise interna no IBGE levanta preocupações sobre possíveis impactos na qualidade e continuidade das pesquisas estatísticas realizadas pela instituição. Especialistas alertam que a instabilidade pode afetar a coleta e análise de dados cruciais para o planejamento de políticas públicas e tomadas de decisão em diversos setores da sociedade. O desenrolar dos eventos nas próximas semanas será crucial para determinar o futuro do instituto e sua capacidade de cumprir sua missão institucional de fornecer informações confiáveis e abrangentes sobre a realidade brasileira.