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Ex-chefes da Anvisa criticam venda de remédios em supermercados

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Proposta de venda de remédios em supermercados gera polêmica entre especialistas.

Ex-diretores da Anvisa manifestam preocupação com segurança dos consumidores.

A possibilidade de comercialização de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados tem gerado intenso debate no setor de saúde brasileiro. Ex-diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manifestaram preocupação com a proposta, alertando para potenciais riscos à saúde pública. Em entrevista à CNN Brasil, especialistas como Gonzalo Vecina Neto e Dirceu Barbano, que já estiveram à frente da agência reguladora, expressaram críticas contundentes à ideia de permitir a venda de remédios fora do ambiente das farmácias. Segundo eles, a medida poderia comprometer a segurança dos consumidores e dificultar o controle sobre o uso adequado de medicamentos. A proposta, que visa ampliar o acesso a medicamentos de venda livre, tem sido defendida por representantes do setor supermercadista como uma forma de reduzir preços e aumentar a concorrência no mercado farmacêutico.

O debate sobre a venda de MIPs em supermercados não é recente no Brasil, mas ganhou força nos últimos meses com a apresentação de projetos de lei que buscam flexibilizar as regras de comercialização desses produtos. Atualmente, a legislação brasileira restringe a venda de medicamentos, mesmo os isentos de prescrição, a estabelecimentos farmacêuticos. Os defensores da mudança argumentam que países desenvolvidos, como Estados Unidos e Reino Unido, permitem a venda de certos medicamentos em supermercados e drogarias sem a necessidade da presença de um farmacêutico. No entanto, os ex-diretores da Anvisa ressaltam que o contexto brasileiro é diferente, com uma população menos instruída sobre o uso correto de medicamentos e um sistema de saúde que enfrenta desafios próprios. Eles alertam que a ausência de orientação profissional no momento da compra pode levar ao uso inadequado de medicamentos, aumentando o risco de intoxicações e outros problemas de saúde.

Os críticos da proposta, incluindo os ex-chefes da Anvisa, argumentam que a venda de medicamentos em supermercados poderia resultar em uma série de problemas. Entre as preocupações levantadas estão o aumento da automedicação, a dificuldade de rastreamento em caso de necessidade de recolhimento de lotes, e a possível banalização do uso de medicamentos. Gonzalo Vecina Neto, em sua declaração à CNN, enfatizou que mesmo medicamentos considerados simples, como analgésicos e anti-inflamatórios, podem causar efeitos adversos graves se utilizados de forma incorreta. Dirceu Barbano, por sua vez, destacou a importância do papel do farmacêutico na orientação sobre interações medicamentosas e efeitos colaterais, algo que não estaria garantido em um ambiente de supermercado. Além disso, os especialistas apontam para o risco de exposição inadequada dos medicamentos, que poderiam ser afetados por variações de temperatura e umidade em ambientes não controlados, comprometendo sua eficácia e segurança.

Diante da controvérsia, a discussão sobre a venda de medicamentos em supermercados promete se estender nos próximos meses, envolvendo não apenas a Anvisa e o setor farmacêutico, mas também legisladores e a sociedade civil. Os ex-diretores da agência reguladora defendem que qualquer mudança na legislação deve ser precedida de estudos aprofundados sobre o impacto na saúde pública e de amplo debate com todos os setores envolvidos. Eles sugerem que, em vez de flexibilizar as regras de comercialização, o foco deveria estar em melhorar o acesso à informação sobre o uso correto de medicamentos e fortalecer o papel das farmácias como estabelecimentos de saúde. A expectativa é que a Anvisa se posicione oficialmente sobre o tema, considerando tanto os argumentos econômicos quanto os de saúde pública, para orientar futuras decisões regulatórias e legislativas sobre a comercialização de medicamentos no Brasil.