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IBGE anuncia substituições de diretores em meio à crise interna

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IBGE promove mudanças na diretoria em meio a turbulências internas.

Novas nomeações refletem tensão entre gestão e servidores.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou na noite de quinta-feira (23) a substituição de duas diretoras em cargos de alto escalão, elevando para quatro o número de mudanças na direção do órgão apenas neste mês. As alterações ocorrem em um momento de crescente tensão entre a presidência do instituto, comandada pelo economista Marcio Pochmann, e os servidores da instituição. De acordo com comunicado oficial, a servidora Maria do Carmo Dias Bueno assumirá o cargo de Diretora de Geociências, substituindo Ivone Lopes Batista. Além disso, Elizabeth Belo Hypolito foi nomeada para a Diretoria Executiva, no lugar de Marise Maria Ferreira. Essas mudanças seguem-se às recentes saídas de Elizabeth Gomes Cordeiro Safar da Diretoria de Pesquisas e Carlos Renato Pereira Cotovio da Diretoria de Informática, ocorridas no início do mês, sinalizando uma profunda reestruturação no comando do instituto.

A crise no IBGE tem se intensificado nos últimos meses, com o ponto central das divergências girando em torno da criação da Fundação IBGE+, uma entidade de direito público-privado anunciada pela direção do instituto em julho de 2024. Segundo a gestão atual, a fundação permitiria ao IBGE receber recursos adicionais para pesquisa e inovação tecnológica, não sujeitos às restrições orçamentárias federais. No entanto, o sindicato dos funcionários e diversos servidores do instituto encaram a nova estrutura como uma espécie de “IBGE paralelo”, levantando preocupações sobre riscos à autonomia e credibilidade da instituição. O diretor da ASSIBGE, Bruno Perez, classificou a questão da fundação como o problema mais estrutural da atual gestão, apontando riscos de médio e longo prazo para o instituto, incluindo a possibilidade de captura da produção de informações estatísticas e geocientíficas por interesses privados.

As tensões escalaram com a divulgação de duas cartas públicas assinadas por diferentes grupos de servidores. Uma delas, subscrita por 134 trabalhadores, apresenta queixas de gestão autoritária, enquanto a outra solicita apoio do Congresso Nacional. Em resposta, a presidência do IBGE emitiu uma nota condenando o que chamou de “ataques de servidores e ex-servidores, instituições sindicais, entre outros”, acusando-os de divulgar mentiras sobre o instituto. A nota ainda menciona a intenção de seguir o exemplo do Supremo Tribunal Federal e da Advocacia Geral da União no enfrentamento judicial à desinformação. Esse embate público entre a direção e os servidores tem levantado preocupações sobre a estabilidade e a credibilidade do IBGE, uma instituição fundamental para a produção de dados estatísticos e geográficos do país. O clima organizacional deteriorado e as dificuldades enfrentadas pelas lideranças para desempenhar suas funções são apontados como consequências diretas dessa crise.

O desenrolar dessa situação no IBGE levanta questões cruciais sobre o futuro da instituição e sua capacidade de manter a excelência na produção de informações estatísticas e geocientíficas essenciais para o país. A comunidade científica e diversos setores da sociedade acompanham com apreensão os desdobramentos, temendo possíveis impactos na qualidade e confiabilidade dos dados produzidos pelo instituto. À medida que a crise se aprofunda, cresce a expectativa por uma intervenção ou mediação que possa restaurar a harmonia interna e preservar a integridade do IBGE. O desfecho dessa situação terá implicações significativas não apenas para o instituto, mas para toda a estrutura de planejamento e tomada de decisões baseadas em dados no Brasil, reforçando a importância de uma resolução que garanta a continuidade da missão institucional do IBGE com a devida autonomia e credibilidade.