Portal Rádio London

Seu portal de músicas e notícias

Governo planeja rede popular de alimentos para reduzir preços

Compartilhar:

Programa inspirado no Farmácia Popular visa baratear comida.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está estudando a criação de um programa inspirado no Farmácia Popular para reduzir o preço dos alimentos, especialmente nas periferias dos centros urbanos. A proposta, revelada pelo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, visa estabelecer uma rede de distribuição de alimentos para estabelecimentos comerciais em áreas periféricas. Esses estabelecimentos poderiam então revender produtos à população a preços mais baixos, seguindo um modelo semelhante ao do programa Farmácia Popular, que oferece medicamentos com desconto em farmácias credenciadas. A iniciativa surge como resposta à preocupação do governo com o aumento do custo dos alimentos, que teve impacto significativo na inflação de 2024.

O estudo para a criação dessa rede de comércio popular de alimentos ocorre em um contexto de pressão inflacionária no setor alimentício. Em 2024, os alimentos e bebidas registraram um aumento de 7,69%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse aumento foi o principal responsável pela inflação de 4,83% no ano passado, superando a meta estabelecida pelo governo de até 4,5%. A situação levou o próprio presidente Lula a cobrar de seus ministros ações para reduzir o custo da alimentação no país. O chefe do executivo enfatizou a importância de garantir que os alimentos cheguem à mesa da população trabalhadora em condições compatíveis com os salários recebidos, destacando ser esta uma tarefa prioritária do governo.

A proposta em estudo pelo governo federal difere do programa Farmácia Popular em alguns aspectos importantes. Enquanto o programa de medicamentos conta com subsídios diretos do governo para reduzir os preços, o modelo em discussão para os alimentos não prevê, inicialmente, subsídios em preços. Essa decisão é influenciada pelo atual cenário de restrições orçamentárias. Edegar Pretto explicou que a ideia é aproveitar a estrutura existente da Conab para contribuir com o barateamento dos alimentos sem custos adicionais para o Estado. O modelo proposto busca inverter a lógica atual, onde pequenos varejistas da periferia precisam buscar ofertas no atacado para revender, repassando os custos logísticos aos consumidores mais pobres. A intenção é que o governo atue na distribuição direta para esses estabelecimentos, reduzindo os custos intermediários. Além disso, o programa poderia se basear em uma adaptação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), onde o governo compraria alimentos para repassar a preços mais baixos, em vez de doá-los como ocorre atualmente.

A implementação dessa rede popular de abastecimento de alimentos ainda está em fase de estudo e discussão entre diferentes ministérios e órgãos do governo. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, confirmou que o governo deve adotar medidas para baratear alimentos, incluindo sugestões recebidas de empresários do setor de supermercados. Essas medidas devem ser implementadas no primeiro bimestre de 2025, embora os detalhes específicos ainda não tenham sido divulgados. Costa também mencionou outros fatores que influenciam o preço dos alimentos, como a seca, o aumento das exportações e o próprio aumento do poder de consumo da população. A criação dessa rede de comércio popular de alimentos representa um esforço do governo para equilibrar as pressões inflacionárias e garantir o acesso a alimentos a preços mais acessíveis, especialmente para as populações mais vulneráveis em áreas urbanas. O sucesso dessa iniciativa dependerá da capacidade do governo de articular diferentes setores e implementar um modelo eficiente que não onere excessivamente os cofres públicos, ao mesmo tempo em que oferece alívio real no orçamento das famílias brasileiras.

Perspectivas e desafios para implementação do programa

A implementação bem-sucedida desse programa de rede popular de alimentos enfrentará diversos desafios, incluindo a logística de distribuição, a seleção de estabelecimentos participantes e a garantia de que os benefícios cheguem efetivamente ao consumidor final. O governo terá que trabalhar em estreita colaboração com produtores, distribuidores e varejistas para criar um sistema eficiente que possa oferecer alimentos a preços reduzidos sem comprometer a qualidade ou a sustentabilidade da cadeia de abastecimento. Além disso, será crucial monitorar o impacto dessa iniciativa na inflação e no mercado de alimentos como um todo, garantindo que não haja distorções indesejadas ou efeitos colaterais negativos. Se bem-sucedido, esse programa pode se tornar um modelo importante para políticas de segurança alimentar e controle de preços, potencialmente influenciando iniciativas semelhantes em outras áreas da economia.