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Instituto afirma que governo repetirá erro ao intervir no mercado de alimentos como ocorreu com o arroz

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Medidas intervencionistas prejudicam produtores e consumidores.

O governo federal anunciou novas medidas para tentar controlar o preço do arroz, que teve alta expressiva nas últimas semanas. Entre as ações previstas estão a suspensão temporária da tarifa de importação do produto e a possibilidade de venda de estoques públicos. Especialistas alertam que essas intervenções no mercado podem gerar efeitos negativos a médio e longo prazo, prejudicando tanto produtores quanto consumidores. A alta nos preços é resultado de uma combinação de fatores, como o aumento da demanda interna durante a pandemia, a desvalorização do real frente ao dólar e a redução da área plantada nos últimos anos.

As medidas anunciadas pelo governo repetem erros do passado ao tentar controlar artificialmente os preços de alimentos. Em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, ações semelhantes foram adotadas para conter a inflação dos alimentos, com resultados questionáveis. Economistas apontam que intervenções desse tipo geram distorções no mercado, desestimulando investimentos no setor produtivo e podendo levar a desabastecimento futuro. Além disso, a suspensão da tarifa de importação tende a prejudicar os produtores nacionais, que enfrentam custos mais elevados. O ideal seria adotar políticas de longo prazo para estimular a produção e aumentar a competitividade do setor, em vez de medidas pontuais e artificiais.

O aumento no preço do arroz reflete um cenário mais amplo de alta nos custos dos alimentos. Outros produtos da cesta básica também tiveram elevação significativa nos últimos meses, como o óleo de soja, o feijão e as carnes. Essa situação é agravada pela desvalorização do real, que torna as exportações mais atrativas e pressiona os preços internos. A pandemia de Covid-19 também impactou as cadeias produtivas, com aumento de custos logísticos e de insumos. Nesse contexto, medidas isoladas para um único produto tendem a ser ineficazes. Uma abordagem mais abrangente, que considere toda a cadeia produtiva e os fatores macroeconômicos envolvidos, seria mais adequada para enfrentar o problema da inflação dos alimentos de forma sustentável.

A experiência histórica mostra que intervenções governamentais nos preços de alimentos geralmente produzem efeitos colaterais indesejados. Em vez de buscar soluções de curto prazo, o governo deveria focar em políticas que estimulem o aumento da produção e da produtividade no campo. Investimentos em infraestrutura, pesquisa agrícola e facilitação do acesso ao crédito para pequenos e médios produtores são medidas que poderiam trazer resultados mais duradouros. Além disso, é fundamental adotar uma política econômica que promova a estabilidade cambial e o controle da inflação de forma consistente. Somente com uma visão de longo prazo e respeito aos mecanismos de mercado será possível garantir o abastecimento adequado de alimentos a preços acessíveis para a população brasileira.

Soluções sustentáveis são necessárias para o setor alimentício

A busca por soluções sustentáveis para o setor alimentício deve ser prioridade do governo e do setor produtivo. Medidas pontuais e intervencionistas podem trazer alívio momentâneo, mas não resolvem os problemas estruturais que levam à volatilidade dos preços. É necessário um planejamento de longo prazo que envolva toda a cadeia produtiva, desde o pequeno agricultor até as grandes redes de varejo. Somente com uma política agrícola consistente e previsível será possível garantir a segurança alimentar da população e, ao mesmo tempo, manter a competitividade do agronegócio brasileiro no cenário internacional.