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Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, concorre ao Oscar de melhor filme internacional

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Obra de Walter Salles retrata luta de Eunice Paiva durante ditadura militar.

O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido pelo renomado cineasta Walter Salles, foi oficialmente indicado para concorrer ao Oscar de melhor filme internacional, representando o Brasil na prestigiada premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A obra, baseada no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, narra a comovente história de sua mãe, Eunice Paiva, durante o período da ditadura militar brasileira. O longa-metragem, protagonizado por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que interpretam Eunice em diferentes fases da vida, estreou no Festival de Veneza em setembro de 2024, onde recebeu aclamação da crítica e do público, sendo ovacionado por dez minutos consecutivos. A indicação ao Oscar coroa uma trajetória de sucesso do filme, que já acumula diversos prêmios internacionais e se destaca como uma das produções brasileiras mais impactantes dos últimos anos.

A trama de “Ainda Estou Aqui” se desenrola a partir de 1971, quando o Brasil enfrentava o endurecimento do regime militar. Eunice Paiva, então uma mãe de cinco filhos, vê sua vida transformada após o desaparecimento forçado de seu marido, o político dissidente Rubens Paiva. O filme retrata com sensibilidade a jornada de Eunice, que passa de dona de casa a ativista dos direitos humanos, lutando incansavelmente para descobrir a verdade sobre o paradeiro de seu esposo e enfrentando as brutais consequências da repressão. A narrativa não se limita apenas ao drama pessoal de Eunice, mas expande-se para abordar o impacto do regime militar na vida de milhares de famílias brasileiras, destacando o papel crucial das mulheres na resistência contra a ditadura. Walter Salles, conhecido por obras como “Central do Brasil” e “Diários de Motocicleta”, traz para as telas uma reconstituição histórica meticulosa, aliada a performances marcantes do elenco.

O reconhecimento internacional de “Ainda Estou Aqui” vai além da indicação ao Oscar. O filme foi selecionado para mais de 50 festivais ao redor do mundo, consolidando-se como uma das produções brasileiras mais relevantes da atualidade. Na 81ª edição do Festival de Veneza, além da calorosa recepção do público, o longa conquistou o prêmio de Melhor Roteiro, evidenciando a qualidade do trabalho de Murilo Hauser e Heitor Lorega na adaptação da obra literária para as telas. A atuação de Fernanda Torres tem sido particularmente elogiada, rendendo-lhe o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático, uma conquista histórica para o cinema brasileiro. A distribuição internacional do filme, incluindo nos Estados Unidos pela Sony Pictures Classics, amplia significativamente o alcance da obra, levando essa importante narrativa brasileira para audiências globais. O sucesso de bilheteria no Brasil, onde se tornou o filme nacional mais visto desde a pandemia de COVID-19, demonstra a conexão profunda que a história estabeleceu com o público local.

A indicação de “Ainda Estou Aqui” ao Oscar de melhor filme internacional não apenas reafirma a qualidade da produção cinematográfica brasileira, mas também traz à tona discussões importantes sobre memória histórica e justiça social. O filme serve como um poderoso lembrete dos horrores da ditadura militar e da resiliência daqueles que lutaram contra ela. À medida que a data da cerimônia do Oscar se aproxima, cresce a expectativa não apenas no meio cinematográfico, mas em toda a sociedade brasileira. Uma eventual vitória não seria apenas um triunfo para Walter Salles e sua equipe, mas um reconhecimento global da importância de se contar e preservar histórias que iluminam períodos sombrios da história. Independentemente do resultado na premiação, “Ainda Estou Aqui” já se estabelece como um marco no cinema brasileiro, contribuindo para manter viva a memória de um período crucial da história do país e homenageando a coragem e a persistência de figuras como Eunice Paiva.