Big techs recusam convite do governo para audiência sobre redes sociais

Gigantes da tecnologia ignoram chamado do governo para debater redes sociais.
Ausência das plataformas gera preocupação.
As principais empresas de tecnologia, conhecidas como big techs, recusaram o convite do governo federal para participar de uma audiência pública sobre moderação de conteúdo nas redes sociais. O evento, organizado pela Advocacia Geral da União (AGU), ocorreu nesta quarta-feira, 22 de janeiro de 2025, em Brasília, com o objetivo de discutir as políticas de moderação adotadas pelas plataformas digitais. A ausência das gigantes da tecnologia, como Meta (dona do Facebook e Instagram), Google e Twitter, gerou preocupação entre autoridades e especialistas, que veem a necessidade de um diálogo mais amplo sobre o tema. O ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, afirmou que, apesar da recusa, não há pré-julgamento das empresas e que o governo continua aberto ao diálogo.
A audiência pública foi convocada após uma resposta da Meta sobre mudanças em suas políticas de moderação de conteúdo. O governo brasileiro tem demonstrado crescente interesse em regular as atividades das plataformas digitais no país, seguindo uma tendência global de maior escrutínio sobre o poder e a influência dessas empresas na sociedade. A União Europeia, por exemplo, já implementou a Lei de Serviços Digitais (DSA), que visa mitigar a manipulação e a desinformação, diminuir a exposição do consumidor a conteúdos ilegais e aumentar a transparência das plataformas. No Brasil, discussões semelhantes têm ganhado força, especialmente após eventos que evidenciaram o papel das redes sociais na disseminação de informações controversas e potencialmente prejudiciais ao debate público.
A recusa das big techs em participar da audiência levanta questões sobre a relação entre essas empresas e o governo brasileiro, bem como sobre a eficácia dos mecanismos atuais de regulação do ambiente digital. Especialistas em direito digital e políticas públicas argumentam que a ausência das plataformas nesse tipo de debate pode dificultar a construção de um marco regulatório equilibrado e eficiente. Por outro lado, as empresas de tecnologia frequentemente alegam que já possuem políticas robustas de moderação de conteúdo e que uma regulação excessiva poderia prejudicar a inovação e a liberdade de expressão. O impasse evidencia a complexidade do tema e a necessidade de encontrar um ponto de equilíbrio entre a proteção dos usuários, a liberdade de expressão e os interesses comerciais das plataformas. Além disso, a discussão sobre moderação de conteúdo toca em questões sensíveis como privacidade, segurança de dados e combate à desinformação, temas que têm ganhado cada vez mais relevância na agenda pública nacional e internacional.
Diante desse cenário, é provável que o governo brasileiro intensifique seus esforços para estabelecer um diálogo mais efetivo com as big techs. A AGU sinalizou que continuará buscando formas de engajar as empresas em discussões sobre regulação e moderação de conteúdo. Paralelamente, o Congresso Nacional pode ser chamado a desempenhar um papel mais ativo na elaboração de leis que abordem especificamente as questões relacionadas às plataformas digitais. A experiência de outros países, como os membros da União Europeia, pode servir de referência para o Brasil na construção de um arcabouço regulatório que equilibre os diversos interesses em jogo. O desafio para o futuro próximo será encontrar mecanismos que garantam a participação das big techs nessas discussões, reconhecendo seu papel fundamental no ecossistema digital, ao mesmo tempo em que se assegura a soberania nacional e a proteção dos direitos dos cidadãos brasileiros no ambiente online.