Natura Reforça Compromissos com Sustentabilidade em Contraponto a Trump

Posicionamento da Natura diante da Onda Anti-ESG.
Em um momento em que grandes empresas e instituições financeiras globais recuam de suas metas relacionadas à agenda ESG (ambiental, social e de governança), a Natura decidiu reafirmar publicamente seu compromisso com a sustentabilidade e os direitos humanos. Em uma carta divulgada nesta terça-feira, 21 de janeiro de 2025, a companhia brasileira afirma: “Nosso compromisso com a vida não aceita retrocessos”. Este posicionamento é uma resposta às pressões crescentes contra a agenda ESG, intensificadas pela ascensão de discursos políticos contrários, especialmente nos Estados Unidos, onde o presidente recém-empossado Donald Trump tem adotado um discurso contrário a pautas ambientais e de diversidade.
A Natura, reconhecida por adotar a pauta ambiental e social, reforça que a crise climática e as injustiças sociais demandam ações urgentes e conjuntas. A empresa destaca sua intenção de se tornar um negócio regenerativo até 2030, indo “além da compensação de impactos negativos” para passar a gerar resultados positivos sistêmicos para as pessoas e para a natureza. O plano Visão 2030 da Natura estabelece metas ambiciosas, como a emissão líquida zero, a proteção da Amazônia e a promoção da diversidade e inclusão.
A subida de tom da marca de beleza brasileira acontece também em um momento em que o Brasil se destaca: será a sede da COP 30, que acontece em Belém (PA) neste ano. A conferência coloca o país no centro das discussões globais sobre sustentabilidade e destaca iniciativas que conciliam crescimento econômico e preservação ambiental.
Contexto Global e Recuo de Empresas
A decisão da Natura contrasta com a tendência global de recuo em metas ESG. Nos últimos meses, quatro das maiores instituições bancárias americanas — Goldman Sachs, JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup — deixaram a Net-Zero Banking Alliance, uma iniciativa climática global. Outro exemplo emblemático é o da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, que tem enfrentado pressões significativas de legisladores republicanos nos EUA e anunciou a saída da iniciativa Net Zero Asset Managers (Nzami).
Empresas como McDonald’s e Meta também recuaram em suas metas sociais. A rede de fast food, por exemplo, retirou a exigência de compromissos com diversidade e inclusão (D&I) de seus fornecedores. Esse movimento global reflete a ascensão de discursos contra a “política da virtude”, simbolizada na figura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tomou posse para seu segundo mandato e anunciou a saída do país do Acordo de Paris, reforçando sua postura anti-agenda climática e anti-ESG.
Trump prometeu aumentar a produção de petróleo e diminuir os investimentos na eletrificação da frota americana, o que contrasta diretamente com os esforços da Natura em direção à sustentabilidade e à proteção ambiental.
Desdobramentos e Análises
A carta da Natura reforça que os complexos desafios sociais e ambientais contemporâneos não serão resolvidos apenas por governos ou organismos multilaterais, sem que a sociedade civil e o setor empresarial se mobilizem. A empresa assume compromissos sociais e ambientais ainda mais ambiciosos a serem alcançados até 2030, como se tornar um negócio regenerativo.
A Natura acredita que os negócios só se tornam mais prósperos na medida em que a humanidade e a natureza também prosperam. O momento que vivemos demanda de nós a responsabilidade de ir além. A empresa enfatiza que diante do recrudescimento da crise climática e das injustiças sociais, é urgente agirmos – conjuntamente e de forma consistente.
A posição da Natura também é vista como um chamado para outras empresas e stakeholders se unirem em torno de metas comuns de sustentabilidade e justiça social, demonstrando que, mesmo diante de adversidades políticas, a ação coletiva e intencional pode levar a mudanças significativas.
Perspectivas Futuras e Conclusão
A decisão da Natura de reafirmar seus compromissos com a sustentabilidade e os direitos humanos abre caminho para uma discussão mais ampla sobre o papel das empresas na resolução dos desafios globais. Enquanto o mundo enfrenta a crise climática e as injustiças sociais, a ação conjunta e consistente se torna cada vez mais crucial.
A COP 30, que será realizada no Brasil, será um momento importante para discutir iniciativas que conciliam crescimento econômico e preservação ambiental. A Natura, com seu compromisso reafirmado, se coloca como um exemplo de que as empresas podem e devem ser agentes de mudança positiva.
Em conclusão, o posicionamento da Natura é um lembrete de que, independentemente das tendências políticas, a responsabilidade social e ambiental das empresas é fundamental para construir um mundo mais justo, ético e inclusivo. A urgência da ação contra a crise climática e as injustiças sociais exige que todos, incluindo o setor empresarial, sejam corajosos, intencionais e coletivos em suas ações.