Google Recusa Seguir Novas Regras de Verificação de Fatos da UE

Google Não Cumprirá Exigências da UE.
O Google informou à Comissão Europeia que não cumprirá as exigências da nova legislação sobre verificação de fatos, o que pode resultar em investigações e multas. A empresa anunciou que não integrará verificações de fatos nos resultados de busca ou nos vídeos do YouTube, nem utilizará esses dados para influenciar o ranqueamento ou remoção de conteúdo nas plataformas. Este posicionamento segue uma movimentação semelhante da Meta, que anunciou a suspensão de seu programa de verificação de fatos nos Estados Unidos, e do X (antigo Twitter), que tem diminuído o uso de verificadores profissionais de fatos.
A decisão do Google vem com a atualização do Código de Práticas sobre Desinformação da Comissão Europeia, que começou como diretrizes voluntárias mas agora será uma regra obrigatória. Kent Walker, presidente de assuntos globais do Google, enviou uma carta a Renate Nikolay, vice-diretora geral da divisão de conteúdo e tecnologia da Comissão Europeia, informando que a exigência de integrar a verificação de fatos nos serviços da empresa “não é adequada nem eficaz” para suas operações.
Vale ressaltar que o Google nunca se comprometeu plenamente com a verificação de fatos como parte de sua política de moderação de conteúdo, apesar de ter apoiado a criação de um banco de dados de verificação de fatos para as eleições da UE. Isso indicou que a empresa não é totalmente indiferente ao tema, mas prefere outras abordagens de moderação.
Contexto e Implicações
A mudança nas regras da UE é parte de um esforço mais amplo para combater a desinformação online. O Código de Prática sobre Desinformação, estabelecido em 2018, reúne compromissos que as empresas de tecnologia podem adotar para combater notícias falsas. No entanto, com a nova legislação, esses compromissos se tornarão obrigatórios, o que pode levar a conflitos entre as gigantes da tecnologia e os reguladores europeus.
O Google reafirmou seu compromisso com outras ferramentas de moderação de conteúdo, como a marca d’água Synth ID e os rótulos de inteligência artificial (IA) no YouTube. Além disso, a plataforma de vídeos introduziu uma funcionalidade que permite que alguns usuários adicionem contexto aos vídeos, uma abordagem similar ao Community Notes do X (antigo Twitter).
A decisão do Google pode ter implicações significativas, especialmente considerando o histórico de confrontos entre a UE e as gigantes da tecnologia. Multas e novas investigações podem estar por vir se a UE decidir aplicar as regras de forma rigorosa.
Desdobramentos e Análises
A recusa do Google em aderir às novas regras de verificação de fatos levanta questões sobre a eficácia das estratégias atuais de moderação de conteúdo. Embora o Google argumente que suas abordagens atuais são eficazes, críticos podem argumentar que a falta de uma verificação de fatos robusta permite a disseminação de informações falsas.
A abordagem do Google de usar notas contextuais e outras ferramentas de moderação pode ser vista como uma alternativa viável, mas sua eficácia ainda precisa ser provada em larga escala. Além disso, a decisão do Google pode influenciar outras empresas de tecnologia a reavaliar suas próprias políticas de verificação de fatos.
Os reguladores da UE enfrentarão o desafio de equilibrar a necessidade de combater a desinformação com as preocupações das empresas sobre a viabilidade e eficácia das medidas propostas. A reação da UE ao descumprimento do Google será crucial para determinar o futuro da regulação da mídia social na Europa.
Perspectivas Futuras
A longo prazo, a decisão do Google pode levar a uma reavaliação mais ampla das políticas de moderação de conteúdo em todo o setor. As empresas de tecnologia podem precisar adaptar suas estratégias para atender às exigências regulatórias, enquanto os reguladores precisarão demonstrar flexibilidade e compreensão das complexidades envolvidas na moderação de conteúdo online.
A cooperação entre as empresas de tecnologia e os reguladores será essencial para encontrar soluções que equilibrem a liberdade de expressão com a necessidade de combater a desinformação. A evolução das tecnologias de moderação de conteúdo e a implementação de novas ferramentas podem oferecer caminhos viáveis para resolver esses desafios.
Enquanto isso, o público precisará estar atento às fontes das informações e usar ferramentas independentes de verificação de fatos para garantir que as notícias consumidas sejam precisas e confiáveis.