Tarcísio anuncia que São Paulo será pioneiro na substituição total do diesel

Plano de transição energética começa pelo agronegócio.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciou durante evento da celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente na quarta-feira (4), que o estado paulista será o primeiro do Brasil a substituir completamente o uso do diesel por alternativas renováveis. A declaração ocorreu em meio às comemorações ambientais e reforça o compromisso do governo estadual com a transição energética e o desenvolvimento sustentável. Segundo o governador, São Paulo possui uma vantagem estratégica nesta transição por conta de sua forte produção de cana-de-açúcar, que proporciona uma relação significativa entre biomassa e energia. “São Paulo vai ser o primeiro estado do Brasil a substituir o diesel. A gente tem uma fortaleza chamada cana de açúcar, uma relação enorme biomassa e energia. A gente tem etanol de primeira e segunda geração, biogás, biometano, gerando fertilizante e combustíveis sustentáveis de aviação”, afirmou Tarcísio durante seu discurso. O processo de substituição já começou a ser implementado no setor agropecuário, com caminhões e máquinas agrícolas movidos a etanol e biometano circulando pelas lavouras paulistas, demonstrando na prática a viabilidade da transição energética no campo.

A iniciativa do governo paulista se insere em um contexto mais amplo de descarbonização e busca por energias limpas, tendência que vem ganhando força tanto no Brasil quanto internacionalmente. O biometano, especificamente, representa uma das principais apostas do governador para essa transição, recurso que, segundo ele, “vem das nossas usinas de etanol, que vai vir dos nossos aterros sanitários”. Para impulsionar esta transição, Tarcísio anunciou durante o evento o lançamento da plataforma digital “Conecta Biometano SP”, ferramenta que terá como objetivo interligar fornecedores e interessados no combustível, disponível também em aplicativo para celular. Além disso, foi assinado um acordo de cooperação internacional com a World Biogas Association para a promoção do biometano. A iniciativa de São Paulo remete ao histórico do estado na liderança de programas de energia renovável no Brasil, como destacado pelo próprio governador: “São Paulo já socorreu o Brasil na década de 70 com o Proálcool, no momento das crises do petróleo, e vai socorrer de novo. Vai proporcionar, vai fazer com que o Brasil tenha um papel de liderança nessa questão da transição energética”. Vale ressaltar que o diesel comercializado atualmente no Brasil já contém uma mistura de 14% de biodiesel, representando um primeiro passo na direção da substituição dos combustíveis fósseis por alternativas mais limpas e renováveis.

A substituição do diesel pelo biometano e etanol não representa apenas um avanço ambiental, mas também uma oportunidade econômica para o estado de São Paulo. Durante o evento, Tarcísio destacou que as barreiras regulatórias estão sendo removidas para permitir a inserção do biometano na rede, substituindo o gás natural. O governador tem afirmado em diferentes ocasiões que a biomassa da cana é uma das principais apostas para um modelo de energia limpa, com múltiplas aplicações. Além do etanol e do biometano, ele mencionou o biogás, o combustível sustentável de aviação e o hidrogênio como vetores estratégicos para a transição energética. “É por isso que a descarbonização vai acontecer prioritariamente aqui”, destacou o governador. A iniciativa também vai ao encontro das tendências de eletrificação de veículos que vem se intensificando no Brasil. Apenas nos quatro primeiros meses de 2025, já foram vendidos mais de 54 mil veículos eletrificados no país, mantendo a tendência de alta dos anos anteriores. No setor agrícola especificamente, o governador prevê que “em muito pouco tempo, as colhedoras de cana todas vão ser movidas a etanol”, demonstrando o avanço rápido dessa transição no campo paulista. São Paulo também abriga o desenvolvimento do primeiro trator do mundo movido a etanol, tecnologia que poderá ser fundamental para a descarbonização completa do agronegócio.

O plano de substituição do diesel por combustíveis renováveis se insere em um conjunto mais amplo de medidas ambientais adotadas pelo governo paulista. Durante o mesmo evento no Dia Mundial do Meio Ambiente, o governador assinou cinco decretos relacionados à proteção ambiental, incluindo um que dispõe sobre a apuração de crimes ambientais e sanções para estes casos. A menção aos decretos ocorreu após Tarcísio relembrar sobre as queimadas no estado de São Paulo em 2024, demonstrando preocupação com os diversos aspectos da gestão ambiental. Além da descarbonização do setor de transportes, o governo estadual também anunciou estar preparando, em parceria com a Sabesp, um programa de saneamento rural, com investimentos previstos de R$ 70 bilhões até 2029. Na semana anterior, durante a 30ª edição da Agrishow, o governo paulista havia lançado dois novos Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro) na modalidade de direitos creditórios (FIDC), voltados para os setores de biocombustíveis, logística agroindustrial e agro sustentável, somando R$ 115 milhões. Estas iniciativas complementares indicam uma abordagem abrangente para a sustentabilidade no estado, combinando a transição energética com investimentos em infraestrutura e mecanismos financeiros de apoio ao agronegócio sustentável, posicionando São Paulo como líder nacional na agenda ambiental e energética.

Transição energética contribui para liderança ambiental paulista

A iniciativa de São Paulo em substituir o diesel por combustíveis renováveis representa não apenas um avanço significativo na política ambiental do estado, mas também um modelo que poderá ser seguido por outras unidades da federação. O plano de começar a transição pelo setor agropecuário demonstra uma estratégia bem definida, aproveitando a força do agronegócio paulista e sua capacidade de inovação. Com a implementação dessas medidas, São Paulo reafirma sua posição histórica de liderança em soluções energéticas para o Brasil, abrindo caminho para um futuro mais sustentável e economicamente viável no uso de combustíveis renováveis.