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Embaixada de Israel reage duramente às declarações de Lula sobre conflito em Gaza

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Embaixada de Israel critica duramente falas de Lula sobre conflito em Gaza.

Tensão diplomática se intensifica após pronunciamentos do presidente brasileiro.

A Embaixada de Israel em Brasília emitiu uma nota contundente na noite de segunda-feira, 2 de junho de 2025, afirmando que autoridades ao redor do mundo “compram mentiras” propagadas pelo grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e por isso atacam o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. A manifestação diplomática, embora não cite diretamente o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi publicada após o mandatário brasileiro voltar a criticar severamente as ações militares israelenses em Gaza no fim de semana. Na declaração, a representação diplomática israelense busca esclarecer sua posição diante do que classifica como “repetidas acusações” contra as operações militares na região, argumentando que é importante “não se deixar levar pela propaganda e notícias falsas da organização terrorista Hamas”. A tensão entre os dois países escalou significativamente após Lula, em coletiva de imprensa realizada na terça-feira, 3 de junho, afirmar categoricamente que “o que está acontecendo em Gaza não é uma guerra, é um exército matando mulheres e crianças”, classificando a situação como um genocídio e rebatendo o que chamou de “vitimismo” por parte do governo israelense quando este associa críticas às suas ações a manifestações de antissemitismo.

O conflito diplomático se insere em um contexto mais amplo de deterioração das relações entre Brasil e Israel desde o início da atual ofensiva israelense em Gaza, iniciada após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. Em sua nota, a embaixada israelense afirma que “em todas as suas ações, Israel não tem a intenção de prejudicar pessoas não envolvidas” e sustenta que o país “permite a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, enquanto se esforça para garantir que ela chegue às pessoas que precisam e não às mãos do Hamas”. A representação diplomática também reforça a narrativa de que “Israel não quer a guerra e o sofrimento causados por ela”, atribuindo as consequências humanitárias ao “uso da população de Gaza como escudo humano pelo Hamas, utilizando hospitais, escolas e creches para fins militares”. Em contrapartida, o presidente Lula, ao ser questionado sobre o comunicado da Embaixada de Israel, declarou enfaticamente que “um presidente da República não responde a uma embaixada”, mas reafirmou suas críticas anteriores. O mandatário brasileiro mencionou o holocausto judeu durante a Segunda Guerra Mundial e defendeu a necessidade de respeito ao acordo entre palestinos e israelenses firmado em 1967, que delimitou fronteiras para o estabelecimento de dois estados. Lula ainda argumentou que “é exatamente por conta de que o povo judeu sofreu na sua história que o governo de Israel deveria ter bom senso e humanismo no trato com o povo palestino”.

As acusações de que críticos ao governo israelense estariam promovendo antissemitismo foram duramente rebatidas pelo presidente brasileiro. “E vêm dizer que é antissemitismo. Precisa parar com esse vitimismo”, afirmou Lula, acrescentando que “o que está acontecendo na faixa de Gaza é um genocídio. É a morte de mulheres e crianças que não estão participando da guerra”. O mandatário também fez questão de diferenciar as críticas às ações do governo Netanyahu das posições do povo judeu como um todo, declarando que o que ocorre em Gaza “é a decisão de um governo que nem o povo judeu quer”. A posição do Brasil sobre o conflito tem sido consistente em defender a solução de dois Estados e criticar o que considera uso desproporcional da força por parte de Israel. O país sul-americano foi um dos primeiros da região a reconhecer o Estado Palestino e tem mantido essa posição diplomática ao longo dos anos. A embaixada israelense, por sua vez, acusa o Hamas de propagar notícias falsas para “influenciar a opinião pública mundial a seu favor” por meio de “eventos encenados, incidentes que não aconteceram e histórias falsas” com o objetivo de “alimentar o antissemitismo no mundo”. A representação diplomática ainda lamentou que “infelizmente, tem quem compre essas mentiras, que estão prejudicando israelenses e judeus no Brasil e no mundo todo”.

A escalada da tensão diplomática entre Brasil e Israel ocorre em um momento particularmente delicado do conflito no Oriente Médio, com diversas organizações internacionais de direitos humanos denunciando graves violações em Gaza. Recentemente, a Human Rights Watch classificou as ações israelenses como “crimes contra a humanidade, limpeza étnica e atos de genocídio”, criticando o plano do governo israelense de deslocar forçadamente a população palestina para uma área muito reduzida enquanto ocupa o restante do território. O relatório da organização, publicado em 15 de maio de 2025, aponta que o bloqueio à entrada de ajuda humanitária, alimentos, combustível e suprimentos médicos em Gaza por mais de 75 dias configura uma estratégia deliberada que “transcendeu táticas militares para se tornar uma ferramenta de extermínio”. A postura do Brasil em relação ao conflito tem gerado reações diversas no cenário internacional, com alguns apoiando a posição firme do país contra o que consideram violações do direito humanitário internacional, enquanto outros, especialmente aliados de Israel, criticam o que veem como falta de equilíbrio nas declarações oficiais brasileiras. A troca de acusações entre a embaixada israelense e o presidente Lula evidencia não apenas o distanciamento diplomático entre os dois países, mas também reflete o posicionamento do Brasil em fóruns internacionais, onde tem defendido consistentemente a necessidade de um cessar-fogo imediato, a entrada irrestrita de ajuda humanitária em Gaza e a retomada das negociações para a implementação da solução de dois Estados conforme as fronteiras estabelecidas em 1967 e reconhecidas pela comunidade internacional.

Perspectivas para as relações diplomáticas entre Brasil e Israel

O atual impasse diplomático entre Brasil e Israel apresenta desafios significativos para as relações bilaterais no curto e médio prazo. Analistas políticos avaliam que a troca de declarações públicas entre a embaixada israelense e o presidente Lula indica um distanciamento que pode ter implicações para acordos comerciais, cooperação técnica e posicionamentos conjuntos em organismos internacionais. A histórica postura brasileira de equilíbrio e diálogo com todas as partes do conflito no Oriente Médio, que caracterizou a política externa do país por décadas, parece dar lugar a um posicionamento mais assertivo e crítico em relação às ações militares israelenses em Gaza. Essa mudança de abordagem reflete tanto princípios da atual administração quanto a crescente pressão da opinião pública global diante da crise humanitária que se desenvolve na região. Autoridades diplomáticas de ambos os países deverão intensificar esforços nos bastidores para evitar um rompimento mais sério das relações, buscando canais de comunicação que permitam expressar discordâncias sem comprometer completamente o diálogo bilateral. No entanto, enquanto o conflito em Gaza continuar em sua atual intensidade e as posições de ambos os governos permanecerem tão distantes, é pouco provável que haja uma aproximação significativa no horizonte próximo. O Brasil, como importante ator regional e membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU, continuará provavelmente a utilizar esses espaços para defender o fim do conflito e a criação de um corredor humanitário permanente, mantendo sua posição histórica em favor da solução de dois Estados e do direito internacional humanitário, enquanto Israel seguirá buscando apoio para o que considera seu direito à autodefesa contra organizações que classifica como terroristas.

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