Corrente petista articulada por Lula defende aliança mais ampla para eleições de 2026

Corrente petista articulada por Lula defende aliança mais ampla para eleições de 2026
Grupo Construindo um Novo Brasil aponta estratégia para garantir vitória presidencial
A tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), corrente interna do Partido dos Trabalhadores liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentou recentemente um documento estratégico que aponta a necessidade da construção de uma frente ampla de apoio para garantir a vitória do PT nas eleições presidenciais de 2026. O texto, que servirá como norte para os rumos do partido no período 2025-2029, defende que essa aliança deve ter “qualidade mais avançada” do que a coalizão formada para as eleições de 2022. A tese foi apresentada oficialmente como parte da candidatura de Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e nome favorito na disputa pela presidência do PT, cuja eleição interna está marcada para 6 de julho deste ano. A importância dessa articulação política se intensifica em um momento em que diversos partidos do Centrão, como PP, União Brasil, Republicanos, PSD e até mesmo o MDB, apesar de ocuparem ministérios no governo federal, já sinalizam possíveis candidaturas próprias para o próximo pleito presidencial, o que poderia fragmentar o campo político de centro e dificultar a reeleição de Lula.
O documento elaborado pela CNB evita fazer críticas explícitas ao Centrão e outros aliados do governo atual, mas destaca a impossibilidade de menosprezar a força da direita liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como a capilaridade do aparato conservador no país. Esta postura reflete uma crescente preocupação dentro do PT com o cenário político que se desenha para 2026, especialmente considerando os recentes movimentos de distanciamento de partidos tradicionalmente aliados. A confirmação da federação entre União Brasil e Progressistas, o flerte do PSD com uma candidatura própria à Presidência e as articulações do ex-presidente Michel Temer para criar uma aliança de governadores de oposição ilustram os desafios que Lula enfrentará para ampliar seu arco de alianças. Declarações recentes de líderes como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e Antônio Rueda, presidente do União Brasil, reforçam essa tendência, com ambos sinalizando apoio a candidatos de centro-direita e criticando o que consideram um fechamento do governo atual em torno do PT. A eleição para a presidência do partido, que renovará sua cúpula com voto dos filiados, ganha ainda mais relevância neste contexto, pois caberá ao próximo presidente do PT comandar a campanha de Lula à reeleição ou de quem ele escolher como seu sucessor.
O cenário eleitoral para 2026 apresenta complexidades adicionais que vão além das articulações partidárias. Enquanto o PT busca fortalecer e ampliar suas alianças, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da reeleição para cargos do Poder Executivo foi recentemente aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Apesar da proposta, caso aprovada definitivamente, Lula não seria impedido de concorrer à reeleição, já que ele foi eleito em 2022 e disputaria um segundo mandato consecutivo dentro do período de transição previsto na PEC, que só seria completamente implementada em 2034. Paralelamente a essas discussões institucionais, o fortalecimento da direita nas assembleias e câmaras municipais representa um desafio adicional para o PT. Partidos como o PSD já discutem lançar nomes ao Planalto, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o governador do Paraná, Ratinho Júnior, evidenciando a disposição do campo adversário em se organizar para as eleições presidenciais. O Republicanos, em movimento similar, também tende a apoiar um candidato de direita, complicando ainda mais o cenário para a formação de uma coalizão ampla em torno de uma candidatura petista ou apoiada pelo PT.
As perspectivas para a disputa presidencial de 2026 indicam um cenário de polarização persistente, com dificuldades crescentes para a formação de alianças que ultrapassem os limites do pleito anterior. A cúpula do União Progressista, por exemplo, já declara abertamente sua intenção de apoiar um candidato de centro-direita, com Ciro Nogueira defendendo até mesmo a saída dos quatro ministros do bloco do governo até o fim deste ano, argumentando que é necessária clareza sobre o posicionamento dos partidos na próxima corrida presidencial. Antônio Rueda, por sua vez, afirma que a maioria do União Brasil “pende para um projeto de centro-direita”, criticando o que considera um fechamento do governo Lula no PT. Diante desses desafios, o governo busca estratégias para reverter o cenário desfavorável, incluindo o uso da máquina pública e articulações políticas em viagens presidenciais. A corrente CNB, ao defender uma aliança com “qualidade mais avançada”, parece reconhecer a necessidade de uma estratégia diferenciada para 2026, que vá além da simples distribuição de cargos e contemple um projeto político mais abrangente e convincente, capaz de atrair apoios que garantam não apenas a vitória eleitoral, mas também a governabilidade em um segundo mandato de Lula ou de seu sucessor indicado.
Desafios do presidencialismo de coalizão brasileiro
O atual cenário político evidencia os desafios do presidencialismo de coalizão brasileiro, sistema no qual o presidente precisa formar alianças com diversos partidos para garantir apoio parlamentar e governabilidade. As movimentações dos partidos do Centrão, sinalizando distanciamento do governo Lula a mais de um ano do início do período eleitoral, demonstram como essas coalizões são frequentemente instáveis e pautadas por interesses eleitorais futuros. Para o PT e seu líder máximo, o desafio será construir uma aliança que vá além da distribuição de ministérios e cargos, incorporando um projeto político capaz de aglutinar forças diversas em torno de objetivos comuns que transcendam as disputas imediatas por poder e influência no cenário nacional.