Pneumonia silenciosa avança e preocupa autoridades de saúde no Brasil

Pneumonia silenciosa preocupa médicos pelo avanço discreto e aumento de casos no país.
Doença pode se desenvolver sem sintomas clássicos e dificultar diagnóstico precoce.
A pneumonia silenciosa tem se tornado um tema de crescente preocupação entre as autoridades de saúde brasileiras em 2025, devido à sua natureza traiçoeira e difícil detecção. Diferentemente da pneumonia tradicional, esta variante caracteriza-se por uma inflamação nos pulmões que não apresenta os sintomas típicos como febre alta, tosse intensa, falta de ar pronunciada e dor no peito aguda, ou quando estes se manifestam, ocorrem de forma muito leve — também chamada de pneumonia assintomática, atípica ou subclínica — e facilmente confundível com outras condições menos graves. Causada por vírus, bactérias ou fungos, esta infecção pode ser transmitida através de gotículas respiratórias liberadas quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou simplesmente conversa, o que aumenta significativamente seu potencial de disseminação silenciosa na população. Especialistas da área médica têm alertado para o perigo desta condição, principalmente em grupos mais vulneráveis como bebês, crianças pequenas, idosos e pessoas com sistema imunológico comprometido, seja por doenças prévias ou pelo uso de medicamentos imunossupressores, pois nestes casos a progressão da doença pode ser mais rápida e com consequências potencialmente mais graves, incluindo insuficiência pulmonar aguda.
A complexidade da pneumonia silenciosa reside principalmente na diferença da evolução do processo inflamatório quando comparada à pneumonia convencional. Enquanto na forma sintomática a inflamação tende a se expandir rapidamente gerando sintomas evidentes, na variante silenciosa foram observados pequenos focos de inflamação que podem permanecer isolados por algum tempo sem causar manifestações perceptíveis. Este padrão de desenvolvimento faz com que muitos pacientes só percebam que estão doentes quando estes focos inflamatórios se unem ou se tornam predominantes nos pulmões, momento em que já apresentam sintomas graves devido à significativa falta de oxigênio no organismo. Nesta fase avançada, podem surgir quadros de falta de ar severa, prostração intensa, episódios de desmaio e alterações importantes da pressão arterial, sinalizando um comprometimento pulmonar já extenso. Estudos recentes conduzidos por pneumologistas brasileiros têm demonstrado que, sem o tratamento adequado e oportuno, as chances de evolução para quadros graves de insuficiência respiratória são consideravelmente altas, podendo levar a desfechos fatais. Este cenário torna-se ainda mais alarmante quando consideramos que o período entre o início da atividade inflamatória pulmonar e a manifestação dos primeiros sintomas perceptíveis pode ser relativamente longo, permitindo que o indivíduo infectado continue suas atividades normais e potencialmente transmita o agente patogênico a outras pessoas.
A pneumonia silenciosa é causada principalmente por microrganismos como Mycoplasma sp., Chlamydophila sp. e vírus respiratórios, como os da gripe e o Sars-CoV-2, que provoca a Covid-19. “Os sintomas variam, mas a doença é a mesma, sem ser uma nova patologia ou variante”, explica a pneumologista Marcela Costa Ximenes, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Dados do DataSUS mostram que, em 2024, as internações por pneumonia no SUS subiram 5%, totalizando 701 mil casos, contra 666,9 mil em 2023. As mortes também aumentaram 12%, passando de 65.846 para 73.813.
São Paulo registrou aumento acima da média nacional em internações e óbitos. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, as internações por pneumonia no estado cresceram 6,7%, e as mortes subiram quase 13%, de 23.084 em 2023 para 25.983 em 2024, sem diferenciar os tipos de pneumonia. Vários municípios relataram mais casos de pneumonia sem febre, o que dificulta a detecção precoce.
Ximenes destaca que a pneumonia atípica corresponde a 30% a 40% dos casos totais, equivalente a uma incidência de um a quatro casos assintomáticos por mil pessoas, conforme análises laboratoriais.
O diagnóstico da pneumonia silenciosa representa um desafio significativo para os profissionais de saúde, exigindo uma abordagem multifacetada que vai além da simples observação de sintomas. Pneumologistas e clínicos gerais precisam realizar uma avaliação minuciosa que inclui o histórico de saúde do paciente, exame físico detalhado com ausculta pulmonar e medição da oxigenação sanguínea através da oximetria de pulso. No entanto, são os exames complementares que desempenham papel fundamental na confirmação diagnóstica, sendo o raio-X de tórax e a tomografia computadorizada as principais ferramentas para identificar as alterações pulmonares características desta condição, mesmo na ausência de sintomatologia evidente. Em casos específicos, testes adicionais como análise do escarro, broncoscopia e cultura do líquido pleural podem ser necessários para identificar precisamente o microrganismo causador da infecção e direcionar o tratamento mais adequado. Por se manifestar de forma particularmente insidiosa em crianças, os especialistas recomendam atenção redobrada a sinais sutis como alterações no padrão de sono, diminuição do apetite, redução da atividade física habitual, irritabilidade inexplicada e cansaço desproporcional. O tratamento, uma vez estabelecido o diagnóstico, geralmente inclui repouso adequado, hidratação intensiva e o uso de antibióticos específicos quando a causa é bacteriana, além de medicamentos anti-inflamatórios para controle do processo inflamatório pulmonar. Nos casos mais graves, pode ser necessária hospitalização para administração de oxigênio artificial e, em situações extremas, procedimentos mais invasivos como a intubação orotraqueal.
As perspectivas para o enfrentamento da pneumonia silenciosa apontam para a necessidade urgente de campanhas de conscientização pública sobre os sinais sutis da doença e a importância do diagnóstico precoce. Especialistas da área médica recomendam que qualquer pessoa que experimente sintomas como tosse persistente, mesmo que leve, sensação de mal-estar similar ao da gripe que não melhora, cansaço desproporcional às atividades realizadas ou qualquer desconforto respiratório, por mais sutil que seja, procure atendimento médico sem demora. As autoridades de saúde brasileiras estão trabalhando no desenvolvimento de protocolos específicos para identificação de casos suspeitos em diferentes ambientes, desde unidades básicas de saúde até centros de alta complexidade, visando aumentar a capacidade de detecção precoce e reduzir os riscos de complicações graves. Adicionalmente, pesquisadores nacionais estão investigando métodos diagnósticos mais rápidos e acessíveis que possam ser implementados em larga escala no sistema público de saúde. Para os próximos meses, espera-se um aumento nas iniciativas de educação continuada para profissionais de saúde, focadas especificamente no reconhecimento dos padrões atípicos de apresentação da pneumonia silenciosa, bem como a inclusão desta condição nos protocolos de vigilância epidemiológica, permitindo um melhor mapeamento de sua incidência e comportamento nas diferentes regiões do país. Somente com a combinação de diagnóstico precoce, tratamento adequado e educação pública será possível reduzir o impacto desta condição potencialmente grave que, justamente por seu caráter silencioso, representa um desafio significativo para os sistemas de saúde em todo o Brasil.
A importância do diagnóstico precoce e medidas preventivas
A vigilância constante e a busca por atendimento médico ao primeiro sinal de desconforto respiratório são medidas fundamentais para combater a pneumonia silenciosa. Manter a vacinação em dia, especialmente contra pneumococos e influenza, pode ajudar a prevenir alguns tipos de pneumonia ou reduzir sua gravidade. Adicionalmente, práticas de higiene como lavagem frequente das mãos e etiqueta respiratória adequada continuam sendo recomendadas pelos especialistas como formas eficazes de reduzir a transmissão de agentes infecciosos respiratórios. As autoridades de saúde enfatizam que apenas com a combinação de conscientização pública, diagnóstico precoce e tratamento adequado será possível enfrentar este desafio crescente à saúde pública brasileira.