Tarcísio lança programa de combate à pobreza com auxílio de R$ 150 mensais: “dar o peixe e ensinar a pescar”

Crítico ao Bolsa Família, Tarcísio lança programa de combate à pobreza.
SuperAção SP pretende atender 105 mil famílias até 2026.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou na terça-feira (20) um ambicioso programa de combate à pobreza no estado, batizado de “SuperAção SP”, que prevê um investimento total de R$ 500 milhões anuais e tem como meta atender 105 mil famílias até 2026. Durante o evento realizado no Palácio dos Bandeirantes, que contou com a presença de prefeitos, parlamentares e secretários estaduais, Tarcísio destacou que o programa oferecerá acompanhamento individualizado para cada família beneficiada e o pagamento de auxílio mensal de R$ 150 para parte dos contemplados. Em seu discurso, o governador enfatizou a filosofia por trás da iniciativa: “O mais importante é a fé, a crença de que é possível superar a pobreza. Com os incentivos corretos, acredito que essas pessoas vão conseguir se emancipar”. O formato escolhido para o lançamento foi de um megaevento, evidenciando a importância política atribuída à iniciativa, que ocorre em um momento de crescente exposição pública do governador, frequentemente apontado como potencial candidato à presidência em futuras eleições. Ao lado da primeira-dama, Cristiane Freitas, Tarcísio reforçou que o programa busca não apenas oferecer assistência imediata, mas também criar condições para que as famílias alcancem autonomia financeira a longo prazo.
O SuperAção SP foi concebido para atender prioritariamente 35 mil famílias que atualmente vivem abaixo da linha da pobreza, com renda per capita inferior a R$ 280 por mês, representando uma fração das 634 mil famílias paulistas que se encontram nessa condição. Além desse grupo prioritário, o programa também contemplará outras 70 mil famílias que, embora estejam acima da linha da pobreza, possuem renda per capita inferior a meio salário mínimo, valor que corresponde a R$ 759 em 2025. A estratégia de implementação envolve a integração de 29 políticas públicas estaduais de diversas áreas, com a participação coordenada de nove secretarias estaduais, demonstrando uma abordagem multidisciplinar para o enfrentamento da pobreza. O programa também prevê a inclusão de ações sociais promovidas pelos municípios, que precisarão aderir formalmente à iniciativa para que suas populações sejam beneficiadas. Dos R$ 500 milhões destinados ao programa, R$ 110 milhões serão direcionados aos municípios elegíveis na primeira fase de implantação, R$ 85 milhões serão destinados ao auxílio direto às famílias, R$ 51 milhões serão aplicados em auxílio de proteção social específico para famílias com renda per capita abaixo de R$ 218 e em situação de insegurança alimentar, e R$ 104 milhões serão utilizados para a contratação de agentes que atuarão diretamente no acompanhamento dos beneficiários.
O programa SuperAção SP ainda não está em vigor, pois depende de aprovação legislativa. Durante o evento de lançamento, foram assinados dois anteprojetos que serão encaminhados à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp): um para formalizar a criação do programa e outro para estabelecer uma nova carreira de agentes de campo, profissionais que trabalharão diretamente com as famílias atendidas. A expectativa do governo é que a proposta seja aprovada com celeridade pela Alesp, considerando o amplo apoio que o Executivo tem recebido em outras pautas. A filosofia do programa, segundo Tarcísio, combina assistência imediata com estratégias de desenvolvimento de autonomia, seguindo o princípio de “dar o peixe e ensinar a pescar”, conforme declarou o governador em entrevista à CNN Brasil. Esta abordagem busca não apenas aliviar as condições de pobreza no curto prazo, mas também criar mecanismos para romper o ciclo intergeracional de vulnerabilidade social. O objetivo declarado é proporcionar às famílias beneficiadas o apoio necessário e o acesso a oportunidades que permitam alcançar emancipação e autonomia financeira. O programa representa uma ampliação significativa dos benefícios sociais regionais, complementando aqueles já concedidos pela União, como o Bolsa Família, e estabelecendo um novo patamar de intervenção estadual nas políticas de combate à pobreza.
O lançamento do SuperAção SP ocorre em um contexto político significativo, sendo interpretado por analistas como uma importante vitrine para a gestão de Tarcísio de Freitas, que vem construindo um perfil de administrador com sensibilidade social, possivelmente de olho em projetos políticos futuros. A iniciativa demonstra uma tentativa de equilibrar políticas econômicas liberais com programas sociais abrangentes, uma combinação que pode ampliar seu apelo eleitoral junto a diferentes segmentos do eleitorado. Para a implementação efetiva do programa, o governo estadual precisará desenvolver uma complexa estrutura operacional, incluindo a seleção e capacitação dos agentes de campo, o estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação de resultados, além da articulação com prefeituras e organizações da sociedade civil. Os desafios são consideráveis, especialmente considerando a ambição de tirar 35 mil famílias da pobreza em aproximadamente um ano e meio, o que exigirá não apenas transferência de renda, mas também acesso efetivo a educação, saúde, capacitação profissional e oportunidades de emprego. A eficácia do SuperAção SP será medida não apenas pela quantidade de famílias atendidas ou pelo volume de recursos investidos, mas principalmente pela capacidade de promover transformações duradouras nas condições de vida dos beneficiários, permitindo que superem a dependência de programas assistenciais e alcancem autonomia econômica sustentável.
Programa representa nova abordagem integrada para desenvolvimento social
O SuperAção SP representa uma evolução nas políticas públicas de combate à pobreza no estado de São Paulo, ao propor uma abordagem integrada que vai além da simples transferência de renda. Ao articular nove secretarias estaduais e estabelecer parcerias com municípios, o programa busca criar uma rede de proteção social mais robusta e eficaz, capaz de atender às múltiplas dimensões da pobreza. O governo estadual espera que a experiência paulista possa servir de modelo para outras unidades da federação, consolidando uma nova forma de enfrentamento da desigualdade social no país. Para as famílias que serão beneficiadas, o programa representa não apenas um alívio financeiro imediato, mas também a possibilidade de construir um futuro com mais oportunidades e autonomia, rompendo com o ciclo da pobreza que frequentemente se perpetua através das gerações.