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Bolsonaro desafia autoridades e afirma que não deixará o Brasil: ‘Vou morrer, não vai demorar’

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Ex-presidente reafirma que enfrentará processo judicial no país.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente réu no âmbito da investigação sobre elaboração de um suposto plano de golpe de Estado, afirmou categoricamente na sexta-feira (16) que não fugirá do Brasil, mesmo diante da possibilidade de enfrentar uma longa pena de prisão. Durante entrevista concedida à rádio Auriverde, Bolsonaro respondeu às especulações sobre uma eventual saída do país com uma declaração enfática: “Alguns falam que eu devia sair do Brasil. Não vou sair do Brasil, me prendam, pô. Está previsto quarenta anos de cadeia, me prendam”. A declaração ocorre em meio ao avanço das investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), que o tornou réu por diversos crimes, incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e outros delitos que, somados, poderiam resultar em uma pena de até 39 anos de prisão. O ex-presidente, que completou 70 anos recentemente, argumentou que, considerando sua idade e estado de saúde, uma condenação equivaleria a “morrer na cadeia”, mas que mesmo assim não pretende deixar o território nacional para escapar de um eventual julgamento desfavorável.

‘“Está previsto 40 anos de cadeia. Me prendam. Estou com 70 já, quase morri em uma cirurgia. Vou morrer, não vai demorar”, disse Bolsonaro.’

Esta não é a primeira vez que Bolsonaro afirma sua intenção de permanecer no Brasil apesar das adversidades legais. Em março deste ano, durante entrevista à Revista Oeste, o ex-presidente já havia declarado: “Não vou fugir, não. Não vou sair do Brasil. Se quisesse, já tinha ficado lá fora desde janeiro a março de 2023”, referindo-se ao período em que esteve nos Estados Unidos logo após deixar a presidência. Vale ressaltar que o ex-presidente está com seu passaporte apreendido desde fevereiro de 2024, como parte das medidas cautelares impostas pelo STF no contexto das investigações em curso. Essa restrição, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, visa justamente impedir qualquer tentativa de fuga do país. Em janeiro deste ano, Bolsonaro já havia feito declaração semelhante à CNN Brasil, afirmando: “Eu vou para a cadeia, eu não vou fugir do Brasil. Eu podia ter ficado lá quando eu fui para os Estados Unidos. Quando eu fui para a posse do [Javier] Milei, eu poderia ter ficado, mas vim para cá, sabendo de todos os riscos que estou correndo”. A postura de enfrentamento adotada pelo ex-presidente demonstra sua estratégia de confrontar diretamente as acusações, ao mesmo tempo em que mantém sua base de apoio mobilizada em torno de sua situação judicial.

Durante a entrevista de sexta-feira, Bolsonaro também questionou a natureza das acusações que enfrenta, classificando-as como “crime impossível, da Minnie e do Pato Donald”, em referência à sua visão de que as imputações seriam infundadas. O ex-presidente enfrenta acusações graves no STF, sendo réu por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União com considerável prejuízo para a vítima, além de deterioração de patrimônio tombado. Bolsonaro também tem sustentado uma narrativa de perseguição política, afirmando na mesma entrevista que “o sistema quer me tirar do radar político porque a gente tem conhecimento, tem humildade de conversar com as pessoas, buscar informações e falar coisas certas”. Esta narrativa tem sido recorrente em suas manifestações públicas, como demonstrou em março deste ano, durante um ato em favor da anistia, quando afirmou que seria um problema “preso ou morto”. A estratégia de comunicação do ex-presidente parece direcionada a manter sua relevância política mesmo diante das adversidades legais, apresentando-se como vítima de um sistema que, segundo ele, tenta silenciá-lo por razões políticas e não jurídicas.

A situação jurídica de Bolsonaro representa um dos mais importantes desdobramentos políticos do Brasil pós-eleições de 2022, com potencial para impactar significativamente o cenário político nacional nos próximos anos. O ex-presidente, que mantém considerável base de apoio, enfrenta um dilema complexo: por um lado, reafirma sua disposição de enfrentar as consequências legais no Brasil; por outro, reconhece a gravidade das acusações e a possibilidade real de condenação. Sua postura de desafio às instituições judiciais, especialmente ao STF, tem sido uma constante desde que deixou o poder, e suas recentes declarações reforçam essa linha de atuação. Analistas políticos apontam que, independentemente do desfecho judicial, o caso deverá influenciar fortemente as próximas eleições e o reordenamento das forças políticas no país. A afirmação categórica de que permanecerá no Brasil, mesmo sob risco de prisão, pode ser interpretada tanto como uma demonstração de confiança na própria inocência quanto como uma estratégia para manter sua relevância política e a mobilização de seus apoiadores. Enquanto isso, o processo judicial segue seu curso no STF, com a expectativa de que os próximos meses tragam definições importantes sobre o futuro do ex-presidente e, consequentemente, sobre os rumos da polarização política que marca o cenário brasileiro atual.

Implicações políticas e judiciais da decisão de Bolsonaro

A decisão de Jair Bolsonaro de permanecer no Brasil apesar das graves acusações que enfrenta representa um capítulo significativo na história política recente do país. Com uma condenação potencial que poderia mantê-lo afastado da vida pública por décadas, o posicionamento do ex-presidente evidencia não apenas sua estratégia de defesa, mas também sua compreensão do cenário político atual. Os próximos passos do processo judicial no STF serão determinantes não apenas para o futuro político de Bolsonaro, mas também para o estabelecimento de precedentes importantes sobre a responsabilização de autoridades por atos praticados durante o exercício do mandato. Enquanto o processo avança, o ex-presidente continua a mobilizar seus apoiadores e a manter sua presença no debate público nacional, reafirmando sua intenção de enfrentar as consequências legais de seus atos em território brasileiro, independentemente da severidade que essas consequências possam assumir.